O novo panorama dos parques temáticos na China
A Shanghai Disneyland comemorou seu aniversário de um ano no dia 16 de junho de 2017. Nem mesmo Bob Iger, o todo poderoso CEO da Disney, previu o sucesso da maior empreitada da empresa nos últimos anos, que em 12 meses recebeu mais de 10 milhões de visitantes, e já entrou na lista dos 25 parques temáticos mais visitados do mundo em 2016. O parque, porém, não deve reinar sozinho por muito tempo na China. A Shanghai Disneyland logo enfrentará uma forte concorrência, segundo levantamento do jornal local South China Morning Post.
Diversos parques temáticos serão inaugurados em Xangai e região nos próximos anos, e querem aproveitar o mercado inaugurado pela Disney. O primeiro será o Shanghai Polar Ocean World. Projeto de 3 bilhões de yuans (cerca de 440 milhões de dólares), ele está programado para abrir em julho do ano que vem. Localizado a cerca de 30 minutos de carro da Shanghai Disneyland, o parque deve atrair cerca de seis milhões de visitantes por ano – metade do que a Disney de Xangai teve em seu primeiro ano.
Ainda nos arredores de Xangai, a cerca de uma hora de carro, ficará o Ice World. Com inauguração prevista para 2019, este será o maior parque de esqui coberto do mundo. O mesmo local se tornará, em 2022, lar da primeira Legoland da China.
Mas a concorrência não se restringe à Xangai. Investidores e desenvolvedores de parques estão se direcionado para o leste do país, com o objetivo de aproveitar a riqueza local dos moradores, em busca de lazer e entretenimento. Na província vizinha de Jiangsu, o Lotte Group, da Coréia do Sul, iniciou o desenvolvimento de um parque indoor, enquanto na província de Zhejiang, o Six Flags constroi seu primeiro parque fora do continente americano.
A gigante chinês de entretenimento e imobiliária Wanda Group não quer ficar de fora deste novo panorama. Dona de lojas, hoteis e da maior cadeia de cinemas do mundo, o grupo comprou briga com a Disney no ano passado em declarações polêmicas contra a empresa, e promete inaugurar QUINZE parques temáticos no país nos próximos anos. O primeiro vai “rivalizar com a Disneyland no Delta do Rio Yangtze em termos de escala e tecnologia”; um parque temático de 21 bilhões de yuans (3 bilhões de dólares), que está programado para abrir no ano que vem na cidade de Wuxi, a cerca de 130 km de Xangai.
“Esses novos projetos devem tirar alguns visitantes da Shanghai Disneyland, com certeza”, afirmou o professor Yao Kunyi, especialista em turismo da Universidade de Negócios e Economia de Xangai. “Porém, o Delta do Rio Yangtze é rico e nele nunca faltarão visitantes. Tudo vai depender se cada parque temático poderá fornecer produtos e serviços distintos o bastante (para atrair estes visitantes). Os turistas chineses estão ficando mais exigentes. Eles estão preferindo coisas novas e descartando coisas antigas”.
O que atrai os parques temáticos para a região
O Delta do Rio Yangtze é uma das regiões mais ricas da China, e está ficando cada vez mais rico, de acordo com especialistas locais. Com uma população de 330 milhões de pessoas, seus indicadores econômicos, tanto para gastos pessoais quanto para o consumo de turismo, cultura e entretenimento, também estão em ascensão, tornando-se um terreno fértil para parques temáticos.
Em termos ecônomicos, quando o produto interno bruto (PIB) per capita de uma região supera 5 mil dólares, a economia de turismo e férias ficará bem. O PIB per capita de Xangai no ano passado foi de quase 114 mil yuan (16 mil dólares), bem acima do indicador mencionado.
O desejo de surfar na onda de sucesso de outros desenvolvedores também contribuiu para a abundância de parques temáticos planejados para Xangai e arredores. Um especialista da Academia Nacional de Estratégia Econômica afirma que “Muitos parques temáticos chineses apenas copiam parques estrangeiros de sucesso, mas, ao contrário destes projetos, não conduzem pesquisas sobre características e comportamento dos visitantes”. Com isso, dos mais de dois mil parques temáticos atualmente em operação em toda a China, apenas 10 por cento estão tendo lucros.
A crescente concorrência, então, não será necessariamente um fator ruim para o crescimento da Disney na China. Como a empresa bem aprendeu nos pólos de parques temáticos de Orlando e na Califórnia, a concentração de diversos parques em uma região ajuda a projetar a imagem de Xangai como um centro turístico global neste quesito. “A concorrência tem sido uma realidade neste negócio desde que Walt criou a Disneyland, e acreditamos que a marca Disney – oferecendo entretenimento familiar de alta qualidade – nos separa de nossos concorrentes, tanto na China como em todo o mundo”, afirmou um porta-voz do Shanghai Disney Resort.
O resultado para parkaholics é definitivamente positivo. Além de proporcionar uma oferta maior de parques temáticos em uma só região para visitar, a concorrência leva a melhores serviços e constantes reformas e novas adições aos parques já existentes. Tanto que, poucos meses depois da inauguração, a Shanghai Disneyland confirmou a construção de uma nova área. A Toy Story Land será inaugurada no ano que vem, ainda sem data exata.
- 27 de June de 2017
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