Tokyo DisneySea: o mais exótico e incrível parque Disney do mundo!
A convite do Parkaholic, fui até Tóquio com a missão de visitar um novo parque Disney pela primeira vez, algo que não faço desde os meus 15 anos de idade. Já estive em todos os parques Disney e Universal Studios do Ocidente (bem como alguns Six Flags), mas essa foi a minha primeira aventura à esquerda do meridiano de Greenwich. O escolhido para a empreitada foi o impressionante 東京ディズニーシー (Tokyo DisneySea), o companheiro da Tokyo Disneyland que fica nos arredores da megalópole japonesa no Tokyo Disney Resort. Diferente de todos os outros parques Disney no mundo, posso afirmar com certeza que este é o mais incrível e exótico deles. Eu conto e mostro os motivos.
Preparação e Chegada
O Tokyo DisneySea pertence à The Oriental Land Company, uma empresa que não é do grupo Disney, mas que licencia os direitos de uso de marca da The Walt Disney Company. Essa informação explica por que muita coisa aqui é bem diferente do que conhecemos em termos de Disney Parks.
Para começar a preparar sua ida ao parque, você precisa do ingresso comprado já com a data da visita em mente. Isso porque o DisneySea é um dos parques mais movimentados do mundo e o que mais rápido atingiu a marca de 10 milhões de visitantes: levou apenas 307 dias, batendo o recorde da Universal Studios Japan, de 338 dias. Tem dias que a lotação simplesmente esgota.
Chegar no DisneySea não é uma tarefa tão simples, apesar da proximidade da principal região comercial de Tóquio (onde muitos se hospedam), a Shinjuku, a cerca de 25km. É recomendável ir de ônibus fretado ou metrô, sendo esta última a opção que escolhi. Com o cartão Suica carregado, utilizei o aplicativo Apple Maps no telefone, que é indispensável para se locomover no eficiente sistema de metrôs e trens urbanos do Japão (para usuários de Android, o Google Maps presta um serviço similar. Dica da editora: Citymapper é meu novo companheiro de locomoção indispensável nas viagens, e tem em Tóquio! Aproveite para o conhecer). Ele te localiza e diz quais estações e linhas pegar, em qual direção e com atualização em tempo real. Ah, uma dica: se você vai ao Japão, necessariamente alugue um modem 4G ilimitado [aqui], pois você vai precisar dele mais que água.
Traçada a linha até a Maihama Station, a mais próxima do complexo, você vai levar entre 1h30 e 2h para chegar entre baldeações e muita andança pelas conturbadíssimas estações de metrô de Tóquio. Por isso, saia bem cedo do seu hotel, pois os japoneses chegam e se aglomeram por lá antes do parque abrir. Em Maihama, você faz a baldeação para o monotrilho do complexo e aí vem o primeiro choque de cultura: você precisa pagar para usá-lo e fazer a round trip que possui apenas três destinos: hoteis do complexo, o Disneyland Park e o nosso Tokyio DisneySea. O ticket de ida e volta é comprado em dinheiro em terminais de autoatendimento, que também aceita pagamento via Suica Card.
O Parque
O Tokyo DisneySea é dividido em sete áreas temáticas: Mediterranean Harbor, Mysterious Island, Arabian Coast, Lost River Delta, Port Discovery e American Waterfront. Entre todas elas uma característica proeminente: água, muita água. A chegada impressiona pela grandiosidade de cada land e pelo fato de que você não consegue ver a área adjacente antes de efetivamente pisar nela, num trabalho extremamente competente dos Imagineers, que deixa o parque todo compartimentalizado.
No centro, o grande Mount Prometheus, um vulcão que abriga a atração Journey to the Center of the Earth (mais sobre ela em breve na review completa) e que exibe demonstrações de efeitos visuais com fogo e fumaça periodicamente. Aliás, a Mysterious Land é única, pois se divide em dois níveis e surpreende a todos os novatos como eu logo na entrada.
Aqui o andar “de cima”:
E aqui o andar “de baixo” onde fica estacionado o submarino de Júlio Verne e suas 20.000 Leagues Under the Sea – outra das atrações da área:
Apesar de variadas, as atrações deste parque são majoritariamente mais adultas, como esperado de um companion park – pense na tradicional e mais infantil Disneyland com o Disney California Adventure em Los Angeles, ou o Walt Disney Studios Park em Paris. Mas os pequenos também possuem sua vez aqui, com uma área inteiramente dedicada a eles, a Mermaid Lagoon, cujo tema característico é o da animação A Pequena Sereia.
A Disney em Modo “Hard”
Se você pretende um dia ir ao DisneySea, faça um “estágio” em outros parques temáticos antes e, é claro, leia as dicas do Parkaholic para se preparar. Este definitivamente não é um parque para iniciantes em parques temáticos, por uma série de motivos, e até mesmo veteranos (me considero um) passarão por certas dificuldades.
Ao contrário de qualquer outro parque Disney no mundo, o DisneySea é rodeado por água em todas as suas área, o que torna a locomoção demorada e complicada; você vai andar, mas vai andar muito e precisará constantemente checar o mapa para saber onde está indo sem dar voltas. Segundo o meu relógio, foram quase 20 quilômetros andando naquele dia frio em dezembro. Há opções alternativas de deslocamento: por tram suspenso (que faz ida e volta entre Port Discovery e American Waterfront) e, claro, por embarcações, o que é bem demorado e te tira precioso tempo de atrações.
Água, contudo, não é o principal obstáculo de DisneySea. É gente.
O Japão é uma ilha pequena, mas extremamente povoada, sendo um dos países com a maior densidade demográfica do mundo. O Tokyo Disney Resort é um microcosmos disso: há muita gente por todos os lados. Se você já foi ao Walt Disney World Resort nas férias de julho, multiplique isso por três e terá um vislumbre do que é a Disney no Japão.
O resultado disso são filas quilométricas pra absolutamente tudo. Os japoneses chegam ao parque e começam a sentar no chão debaixo de chuva para marcar lugar para a primeira parada que acontece horas depois. É uma cena surreal e tive que perguntar pra entender o que estava acontecendo.
Aliás, a língua é outro fator que torna a experiência ainda mais desafiadora. Apesar dos japoneses serem um dos povos mais educados, cordiais e receptivos do mundo, nem todos os cast members falam inglês e poucos falam de forma clara. Apesar de todo o complexo estar sinalizado com placas no vernáculo britânico (o que acontece sistematicamente por todo o Japão), a barreira da língua é certamente um dificultador em algumas ocasiões, especialmente em atrações: shows, filmes 3D, são todos em japonês.
Esqueça também a Magic Band, wi-fi liberado e aplicativos: em DisneySea o Fast Pass depende de marcação manual e ele se esgota muito rápido. Na hora do almoço, é impossível achar algum restaurante ou até mesmo barraca de comida que não esteja com uma fila de pelo menos umas 30 pessoas. Impossível, também, reservar os restaurantes mais concorridos com antecedência; quando olhei no site já estava tudo esgotado em todos os que oferecem serviço de mesa.
As Atrações
Tirando a Toy Story Mania! e o Turtle Talk, praticamente tudo em DisneySea é “inédito” para nós ocidentais, inclusive a Tower of Terror, que aqui ganha um tema único: no lugar da ambientação Twilight Zone (ou Guardiões da Galáxia da Califórnia), aqui vemos uma história relacionada à Sociedade de Exploradores e Aventureiros – tema que já existe no parque, e em diversos outros brinquedos espalhados pelo mundo (em breve, mais aqui no Parkaholic sobre eles). O restante é o padrão pré-show, fantasmas, duas rotinas de queda no elevador e a famosa saída pela lojinha.
Aliás, o fascínio dos japoneses com o Ocidente é também um tema recorrente. Dentre as melhores atrações temos o Indiana Jones Adventure: Temple of the Crystal Skull, que nada tem a ver com o show Indiana Jones: Epic Stunt Spetactular do Disney Hollywood Studios. Este brinquedo, na verdade, é igual ao da Disneyland, que por sua vez é bem parecido com a Dinosaur do Disney’s Animal Kingdom, mas bem mais intensa, rápida e assustadora. O grande momento traz a bola gigante do filme no lugar do grande dinossauro perseguindo o carro e quase passando por cima da gente.
Em Lost River Delta também temos a Raging Spirits, uma montanha-russa curta, mas que tem um looping, algo um pouco raro de se encontrar em Disney Parks. Falando em algo raro, inclusive, o Tokyo DisneySea é o único no mundo onde você consegue tirar uma foto com os personagens Zé Carioca e Ponchito, de The Three Caballeros (Você Já Foi à Bahia?). Sim, você também os encontra na Disneyland original, mas somente em paradas e não com oportunidade para fotos. Eles fazem aparições recorrentes no caminho entre as áreas Lost River Delta e Mermaid Lagoon, na parte superior do parque. Curiosamente não os temos no Walt Disney World Resort em Orlando, onde a concentração de brasileiros e mexicanos é bem maior.
Há também uma série de atrações menores como o Aquatopia em Port Discovery, onde você pilota boias gigantes e um (aborrecido) show 3D em The Magic Lamp Theater que traz o gênio de Alladin interagindo com atores e que, mesmo falado em japonês, não parecia agradar muito os fluentes.
As outras principais atrações de Tokyo DisneySea são as já mencionadas Journey to the Center of the Earth e 20.000 Leagues Under the Sea, que detalharei em um artigo próprio. Há também uma replica do navio S.S. Columbia que pode ser explorada e que abriga o concorrido restaurante The Teddy Roosevelt Lounge que, é claro, estava absurdamente cheio.
Alimentação e Compras
Um dos atrativos de se visitar um parque “exótico” da Disney é a gastronomia que foge dos combos “frango frito, hambúrger e pizza” que dominam muitas vezes os parques tradicionais. Embora você encontre opções de lanches ocidentais em DisneySea, especialmente sanduíches (prove o de frango), os destaques são os pratos típicos.
No Vulcania Restaurant em Mysterious Land, escolhi bolinhos chineses dim sum com egg rolls e cerveja Sapporo. Há também diversas opções de pratos japoneses em diversos restaurantes no parque, mas o que eles curtem mesmo são as pipocas especiais nos sabores: caramelo, chocolate, chocolate branco, curry, pimenta do reino e herb-tomato. Há barracas de pipoca espalhadas por todo o parque e que vendem baldes de souvenir tematizados com personagens Disney dos mais variados, com destaque absoluto para o Duffy: The Disney Bear, que é uma sensação absoluta entre os japoneses.
Em termos de compras, todo o complexo Disney de Tóquio, inclusive nas Disney Stores da cidade, há uma variedade de itens inéditos em parques ocidentais. Além da preferência pelo Duffy, os japoneses adoram o Baymax de Big Hero 6 e princesas. Os preços são salgados, como acontece em todos os parques Disney.
Um Fantasmic! como nenhum outro
O ponto alto do Tokyo DisneySea é mesmo o show Fantasmic! que acontece na lagoa principal do Mediterrean Harbor. No lugar do anfiteatro que temos em Orlando, o show acontece “no meio” do parque, tal qual vemos na Tom Sawyer Island de Disneyland na California.
O palco do Fantasmic! japonês é 360º, e Mickey surge numa espécie de vulcão de LED no centro do lago (que depois se transforma no chapéu), permitindo que os visitantes possam se aglomerar em todos os lados. É razoavelmente tranquilo encontrar um lugar com uma vista boa, diferentemente da aglomeração e empurra-empurra que vemos no IllumiNations: Reflections of Earth, no Epcot.
O parque então se apaga para o show, e curiosamente os hóspedes do Hotel Miracosta possuem a melhor visão, pois os apartamentos possuem janelas voltadas para dentro do Tokyo DisneySea e podem assistir de camarote aos efeitos visuais altamente tecnológicos, fogos, projeções e efeitos com água, que são bem diferentes dos que vemos nos outros Fantasmic!. É como se estivéssemos vendo o show pela primeira vez e não vou dar aqui nenhum spoiler.
O Veredito
O Tokyo DisneySea é um parque visualmente encantador e completo, com atrações variadas e características. Se eu pudesse compará-lo com outras experiências, diria que é uma mistura do Epcot (por ser formado em volta de água) com Islands of Adventure (em termos de ambientação e variedade) e com toques do Disney California Adventure.
É uma parada obrigatória para quem vai a Tóquio e recomendo, se você tiver poucos dias na capital japonesa, que separe pelo menos um para conhecer o Tokyo DisneySea.
- 6 de April de 2017
- Disney no Japão, Japão, Journey to the Center of the Earth, Parque temático, Review, Tokyo Disney Resort, Tokyo DisneySea
Guilherme Fibra
26 de abril de 2017Dicas e posts incríveis!!! #PostaMais hehehe
Camilla
7 de maio de 2017Muito ruim ler as reportagens pelo tablet....os anúncios ficam na frente e não tem como fechá-los, de modo que vc não consegue ler uma parte do texto
Renata Primavera
8 de maio de 2017Oi, Camila, obrigada pelo aviso. Qual o tablet que vc tem?
Thami
2 de setembro de 2017Nossa, tava tão animada para ir pra Tokyo e visitar os parques da Disney mas seu post me desanimou tanto )= fui em orlando em junho e apesar das previsões o parque tava cheio mas conseguimos aproveitar MUITO, Toy story mania a fila tava tão de boa que dava pra ir seguido... a maior fila que pegamos foi de 1h...
Mas seu post foi bem desanimador 😭
Pensei em ir na primeira quinzena de julho, pois li que as férias no Japão e Coreia iniciam na segunda quinzena de julho e vão até final de agosto então pensei "deve ser uma época mais de boa, pq vão esperar as próximas semanas de férias pra irem aos parques"
Pelo jeito pensei errado #chateada rs
Ah sobre o deslocamento, JR Pass não facilita?
Thamires
14 de janeiro de 2018Adorei o post! Irei agora no início do ano e fiquei feliz em saber que não irá coincidir com ferias nem outro data comenorativa do Japão.
Pelo que pesquisei, a locomoção pelo JR é beeeem mais tranquila. Na estação central de Tokyo até Maihama, são exatos 13 min de percurso pela Keiyo Line (fonte: www.hyperdia.con). Quem desembolsou um JR Pass ou comprar ticket avulso, não perderá tanto tempo.
Que pena que não poderei usar a Magic Band dessa vez :(
Obrigada pelas informações!
Renata Primavera
15 de janeiro de 2018Thamires, espero que curta demais sua viagem! :)
Audrey
28 de julho de 2018Bom dia!
Como faço para comprar ingressos do Disney Sea de Tóquio? Pelo app da Disney, não consegui; veio uma mensagem dizendo que não é possível efetuar a venda overseas.
Muito obrigada!
Abs
Renata Primavera
30 de julho de 2018Oi, Audrey,
Tente pelo site mesmo, no computador! Imagino que não terá problemas daí!
abs